Comemoramos o Dia Nacional da Inovação em homenagem a Santos Dumont, que em 19 de outubro de 1901, deu a volta na Torre Eiffel com seu dirigível. Hoje, mais de 120 anos depois, em um mundo cada vez mais globalizado, a inovação tem se tornado a palavra de ordem para a sobrevivência de muitos negócios.
A revolução digital potencializou a conexão entre pessoas e a velocidade de troca de informações, desencadeando mudanças de maneira mais acelerada em diversos setores.
O futuro parece exigir mais capacidade de adaptação e resposta rápida — e ninguém quer ficar para trás. Com isso, surgem vários mitos em torno da inovação, que acabam a idealizando como um conceito intangível.
Para entendermos como podemos colocar a inovação em prática, organizamos este artigo da seguinte maneira:
- Afinal, o que é inovação?
- Como a inovação acontece no dia a dia?
- O que é preciso para começar a inovar?
Vamos lá?
Inovar é encontrar uma nova maneira de resolver um problema. Muitas vezes associamos o termo a grandes mudanças ou tecnologias avançadas, mas existem diversos tipos de inovação. Elas podem acontecer em produtos, serviços, processos e também em ações do dia a dia.
Para que uma inovação seja relevante, não depende do seu tamanho ou complexidade, é preciso gerar valor e atender a uma necessidade real. Por isso, a inovação tem a ver com colocar a mão na massa e fazer acontecer.
Muito mais do que pensar fora da caixa, as inovações devem ser percebidas como valiosas pelos consumidores e trazer resultados positivos para o negócio. A revolução digital tornou a demanda por inovações ainda mais latente.
Atualmente, o ranking das maiores empresas do mundo segue também a tendência de classificação das mais inovadoras.
Assim, parece claro que inovar é fundamental para o sucesso de empresas, então por que tantas organizações têm dificuldade em fazer mudanças? Um dos principais motivos é a maneira com que estão estruturadas.
Desde a industrialização, as organizações têm focado na excelência operacional, entendendo os seus processos como uma série de unidades organizacionais, também chamadas de silos, que devem ser otimizadas individualmente.
Esses silos refletem diversas etapas da experiência do usuário, que estão nas mãos de equipe distintas, que na maioria das vezes não se comunicam diretamente.
Essa relação fica ainda mais complexa quando a relação com o cliente e a empresa é prolongada, porque é assim que mais silos entram em jogo. Este cenário torna mais difícil que sejam construídos ambientes inovadores e de colaboração.
Felizmente este paradigma vem sendo desconstruído por várias empresas, que têm usado estratégias para proporcionar ambientes mais inovadores, como veremos a seguir.
Temos uma tendência natural de romantizar inovações revolucionárias, imaginando uma mente talentosa que enxerga além dos detritos de velhas ideias e da tradição engessada.
Mas, na realidade, o segredo é aprender a explorar os limites e potencialidades ao nosso redor. Felizmente, existem processos para isso, e eles começam com o estabelecimento de ambientes criativos e práticas inovadoras.
Em seu estudo sobre o surgimento de grandes ideias, Steven Johnson explica que a criatividade não acontece em uma região específica do cérebro. Ela emerge através da interação de bilhões de neurônios, trocando trilhões de impulsos elétricos.
Esses impulsos combinados transmitem desde cores, cheiros, sons, até informações complexas. Toda experiência que temos no dia a dia constitui uma matéria-prima para que o cérebro crie.
Por isso, para ser inovador, é fundamental que você se torne curioso. Cercar-se de inputs, práticas diferentes e ambientes inovadores estimulam a criatividade.
Acredite em sua capacidade de inovar, pois não é uma questão de se pressionar para ser original, mas sim de movimentar a mente entre múltiplas esferas. O acaso sempre favorece a mente conectada.
E falando em conexão, vale ressaltar que a criatividade tende a ser impulsionada por meio do contato entre as pessoas. Atuar em grupos com diferentes habilidades é um ótimo catalisador criativo que favorece o processo de inovação como um todo.
Trazer perspectivas externas e novos olhares para um problema é uma ação poderosa para oxigenar ideias e desafiar pressuposições.
Mas, não se esqueça: para ser criativo e inovador, você tem que estar disposto a errar. O erro muitas vezes cria o caminho que nos desvia de nossas suposições confortáveis.
Enquanto o acerto nos mantém no mesmo lugar, o erro nos força a explorar.
Ambientes inovadores prosperam graças a erros úteis. Mas, para que seu erro seja útil, é importante gerenciar os riscos e saber até onde se pode errar, para aprender rápido com isso.
Outro mito muito comum é acreditar que soluções inovadoras nascem prontas. No geral, grandes ideias vêm ao mundo mal acabadas — é preciso lapidá-las e testá-las.
Todo novo produto, serviço ou processo é construído de forma gradual. Mesmo pensando grande, você deve começar a colocar sua ideia em prática através de MVPs (produtos mínimos viáveis), que permitam que você gere dados úteis para validação de hipóteses, que suportem a tomada de decisão.
Dessa maneira, estar aberto à inovação, adotando as práticas acima, e promover ambientes inovadores é o primeiro passo. A partir daí, existem um conjunto de abordagens que ajudam a guiar o processo de inovação.
Quando pensamos em inovar em negócios, considerar todo o ecossistema de valor e buscar por melhorias significativas é fundamental. Para isso, é necessário identificar oportunidades, compreender o desafio e criar um plano de ação.
Existem diversas ferramentas, abordagens e metodologias para inovação, que podem ser aplicadas em diferentes estágios do desenvolvimento de um produto, serviço ou processo. A seguir, iremos discorrer sobre três abordagens:
- Design Thinking
O Design Thinking é uma abordagem interativa que parte da exploração de um problema. Ele é aplicado quando ainda não existe nenhum modelo de negócio e é indicado para começar a construir uma solução.
- Design Sprint
O Design Sprint é uma metodologia para construir protótipos rápidos, para criar soluções possíveis para um problema que já foi minimamente explorado. Ele pode ser aplicado quando existe um modelo de negócio estruturado, com o intuito de validá-lo através de testes qualitativos no mercado.
- Agile Scrum
O Agile Scrum é um modelo de desenvolvimento ágil, aplicado para otimizar o processo de construção de soluções, quando já existe um modelo de negócio minimamente validado. Por meio deste modelo, os produtos são construídos de maneira a gerenciar entregas de valor, tanto para os usuários, quanto para os negócios.
Essas três abordagens apresentadas são cíclicas e interativas — ou seja, são executadas continuamente, em ciclos incrementais. Elas podem ser combinadas e exploradas em conjunto durante todo o ciclo de vida do produto ou serviço.
Você deve ter percebido que elas possuem algumas etapas em comum: sempre começam com uma imersão ou planejamento, possuem um desenvolvimento exploratório e terminam com um teste ou reflexão. Isso acontece porque todas seguem o raciocínio criativo de divergir e convergir.
Esta abordagem é uma das chaves para inovação, pois garante a avaliação de um número maior de possibilidades de maneira ágil, possibilitando a tomada de decisão assertiva. Isso porque ela começa na imersão completa no contexto do problema e incentiva a geração de ideias em quantidade.
Em seguida, tangibiliza e testa as ideias com maior potencial, diminuindo a probabilidade de erros e garantindo a aderência ao problema inicial. Além disso, por ser uma abordagem reflexiva, desencadeia trocas significativas de ideias e cria um entendimento comum sobre o contexto, agregando opiniões e trazendo pressupostos implícitos para a pauta de conversa.
Entretanto, sem um processo, modelo mental ou objetivo, estas ferramentas perdem o seu impacto — quando não o seu sentido. Por isso, antes de começar, compreenda bem o desafio que você quer solucionar e em qual estágio na escala de desenvolvimento você se encontra, e saiba que estas são apenas três abordagens dentro de um universo de opções possíveis.
Por fim, vale ressaltar que um processo de inovação de sucesso nunca acaba, está sempre em interação entre pesquisa e desenvolvimento, em ciclos exploratórios que se aprofundam na medida em que se repetem.
Isso porque a inovação pressupõe o novo, busca pelo aprimoramento e o olhar no futuro.